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Alfabetização na educação infantil: o que funciona de verdade

Por: Ivy Miragar - Pedagoga / Neuropsicopedagoga Clínica

6 min read

Esta é a fase inicial do grafismo nas crianças de 0 a 6 anos de idade, o que corresponde a primeira infância.

Olá, tudo bem com você?

Sabe aquela sensação gostosa de ver uma criança descobrindo que consegue juntar as letrinhas e formar uma palavra? É de arrepiar, não é mesmo?

Mas vamos ser sinceros: por trás desse momento único, tem muito suor, algumas lágrimas (suas e da criança) e um monte de dúvidas. "Será que estou fazendo certo?" "Por que o filho da minha amiga já lê e o meu ainda não?" "Onde será que eu errei?"

Calma. Respira fundo.

A alfabetização na educação infantil não é uma receita de bolo que funciona igual para todo mundo. Cada criança é um mundinho à parte, com seu jeitinho e seu tempo. E isso é lindo, mesmo quando nos deixa loucos de preocupação.

O que é essa tal de alfabetização mesmo?

Olha, alfabetizar é bem mais do que ensinar que "B" faz "bê". É ajudar a criança a entender que aqueles risquinhos no papel contam histórias, transmitem ideias, conectam pessoas. É como dar uma chave mágica para ela abrir portas que nem sabia que existiam.

E por que começar cedo? Simples: a educação infantil é como o terreno fértil onde plantamos as sementinhas da curiosidade. Mesmo que a criança ainda não consiga ler, ela já está criando as bases para tudo que vem depois.

O que realmente funciona? (Spoiler: não é o que você pensa)

Aqui vai uma verdade que pode te surpreender: não existe método milagroso. O que funciona de verdade é algo bem mais simples e, ao mesmo tempo, mais profundo.

1. Comece pelo que a criança AMA

Seu filho é doido por dinossauros? Ótimo! Compre livros sobre dinossauros, procure palavras que começam com "D" de diplodoco, invente histórias malucas com tiranossauros.

A alfabetização flui melhor quando faz sentido para a criança. E acredite: ela aprende muito mais rápido quando está se divertindo.

2. Leia para ela TODOS os dias (mesmo quando não dá vontade)

Não precisa ser um super contador de histórias com interpretações mirabolantes, pode ser você mesmo, cansado depois do trabalho, lendo de um jeitinho meio torto.

O importante é que a criança ouça sua voz dando vida às palavras.

Aqui vai uma dica de ouro:

Priorize historinhas curtas, mas cheias de significado, estilo "moral da história". Crianças pequenas não conseguem manter o foco por muito tempo, isto porquê, a região do cérebro responsável pela concentração e regulação da atenção, o córtex pré-frontal, ainda não atingiu a plenitude da sua maturidade.

Sendo assim, histórias curtas estão mais adequadas a esta fase do crescimento, conseguindo atrair e reter o interesse da criança antes que sua concentração se dissipe.

Quando você lê diariamente, está ensinando um monte de coisa sem perceber: como as frases funcionam, como as palavras soam, como as histórias começam e terminam. São as melhores atividades de alfabetização que existem.

3. Deixe ela rabiscar à vontade

Sabe aqueles rabiscos que ela faz e você não entende nada? São preciosos! É a escrita dela, do jeitinho que ela consegue fazer agora. Com o tempo, esses rabiscos viram letras, depois palavras, depois histórias incríveis.

A propósito, estes rabiscos são tão importantes que tem até um nome para eles: na pedagogia chamamos de “garatujas”.

Não apresse esse processo. Ele é importante demais para ser atropelado.

4. Brinque com os sons das palavras

"Rá-tim-bum!" "Tra-lá-lá!" Sabe aquelas musiquinhas meio bobas que cantamos com as crianças? São ouro puro para a alfabetização.

Quando brincamos com rimas e sons parecidos, estamos preparando o cérebro da criança para juntar as letras depois. É como um treino disfarçado de diversão.

5. Faça atividades de alfabetização que tenham sentido

Nada de ficar repetindo "BA-BE-BI-BO-BU" até cansar. Que tal fazer uma lista de compras juntos? Ou escrever o nome dos bichinhos de estimação? Ou procurar a primeira letra do nome dela nos cartazes da rua?

Essas atividades simples mostram que as palavras servem para alguma coisa. E isso desperta a curiosidade natural da criança.

6. Sua família faz TODA a diferença

Não precisa ter diploma em pedagogia para ajudar seu filho a aprender. O que ele mais precisa é do seu apoio, da sua paciência e do seu colo, quando ficar frustrado com a aprendizagem.

Mesmo que você não saiba explicar todas as regras da língua portuguesa (e quem sabe mesmo?), seu carinho vale mais do que qualquer método sofisticado.

7. Crie um cantinho especial para aprender

Não precisa ser nada rebuscado. Alguns livrinhos ao alcance da criança, lápis de cor numa caixinha, papéis para desenhar. Pronto! Você criou um ambiente que convida ao aprendizado.

O que NÃO fazer (aprenda com os erros dos outros)

Tem algumas coisas que, com a melhor das intenções, acabam atrapalhando mais que ajudando:

❌Não force a barra. Se a criança não está pronta, não está pronta. Forçar pode criar trauma e aversão à leitura.

❌Não vire a alfabetização num bicho de sete cabeças. Ficar repetindo exercícios chatos e sem graça pode matar toda a curiosidade natural da criança. Não adianta ficar forçando a criança a fazer inúmeros exercícios de pontilhados sobre a letra, se ela não está na fase correta e se nem ao menos está aprendendo a ler formalmente.

Hoje em dia, com a contribuição da Neurociência, aprendemos que a leitura deve vir antes da escrita, essa é a ordem que faz mais sentido para o cérebro da criança nessa fase.

❌Pare de comparar. "Fulano já lê e você não" é a frase que mais estraga a autoestima de uma criança. Cada um tem seu ritmo, e isso é normal.

Ideias práticas para o dia a dia

Quer algumas sugestões simples que funcionam? Aqui estão:

💡Com nomes próprios: Escreva o nome da criança com letras grandes e coloridas. Deixe ela procurar essas letras em outros lugares. É incrível como elas ficam orgulhosas quando encontram "sua" letra.

💡Brincadeiras com sons: "Vamos falar palavras que começam como 'casa'?" "O que rima com 'gato'?" Essas brincadeiras desenvolvem a percepção dos sons.

💡Leitura com carinho: Escolha um livro e leiam juntos toda semana. Tente fazer vozes diferentes, imitem os bichinhos, riam juntos das partes engraçadas.

💡Escrita com propósito: Faça junto com a criança, bilhetinhos para a vovó, etiquetas para os brinquedos, lista do que vocês vão fazer no fim de semana. Tudo isso mostra que escrever é útil e gostoso.

Como saber se está dando certo?

Você não precisa de testes complicados. Observe se a criança:

✅ Fica curiosa quando vê palavras escritas

✅ Faz perguntas sobre o que está escrito

✅ Tenta escrever sozinha (mesmo que saia tudo torto)

✅Gosta de ouvir histórias

Se você respondeu "sim" para a maioria, está no caminho certo. E se respondeu "não" para algumas, não se desespere. Cada criança tem seu tempo.

Brincar é coisa séria

Muita gente acha que brincar é perda de tempo, que criança tem que "estudar sério". Bobagem! É brincando que ela desenvolve a criatividade, a memória e a linguagem.

A alfabetização que respeita o tempo de brincar é muito mais eficaz e prazerosa. Criança feliz aprende melhor.

O que realmente importa no final das contas?

A alfabetização na educação infantil que funciona de verdade não está nos métodos mais caros ou nos materiais mais sofisticados. Está no carinho que você coloca em cada momento, na paciência de repetir mil vezes a mesma pergunta, no sorriso quando ela consegue ler a primeira palavra.

Se você chegou até aqui neste texto, é porque se importa de verdade. E isso já é meio caminho andado. Continue incentivando, respeitando o ritmo da sua criança, criando momentos gostosos com as palavras. 📚❤️

Pode acreditar: isso faz toda a diferença.